terça-feira, 3 de abril de 2012

Há morte no espelho

Aqui jaz um desabafo de um tempo em que passava por uma crise aguda de identidade.
Todos me achavam perfeito, aliás eu "era"; até que me encontrei com o rabino à margem Jesus de Nazaré e depositei o fardo da "justiça própria" a seus pés, tomei minha cruz e o segui.
Dedico perpetuamente esse amargo desabafo à minha amiga virtual Tainá Caroline, 19 anos.
Espero que se você se sentiu assim, decida chutar essa sacola de culpa e voltar a sorrir, pois é para cansados e sobrecarregados que Ele veio e está sempre presente.


Há morte no espelho



Estou enlouquecido, travando diálogo com objetos. O duelo que ninguém pode vencer. Cinco passos, um disparo. Ele quebra e eu sumi.
Em menino inda achava que meu outro igual habitava um mundo ideal.
Adolescência conturbada, olho meu clone para corrigir-me. Quando o livrava das espinhas era liberto igualmente. Quando era rejeitado, seus olhos não podiam enganar-me. Também eramos cúmplices, solitários companheiros.
Garoto do espelho, você é exatamente como eu, só tem um problema; é que só eu sinto a minha dor. Guri do espelho, seu mundo é igual ao meu, porém só precisa existir quando a luz está acesa.
Será que existem festas aí dentro, quando ninguém está te olhando? Onde encontro tantos sósias pra nos imitar? Seis milímetros de profundidade pra um mundo tão completo.
O tempo foi passando e agora sei quem sou. A vida se alinhando e me esqueço de você.
Só pra corrigir leves faltas, cabelos desalinhados, nó da gravata, barba e dentição. Mas por hoje me detive a te encarar um pouco. Como você mudou. Nem te conheço mais. De que será capaz?
Quem eu sou? Quem você é? Não quero companhia de estranhos e tampouco posso decifrar-lhe. As sombras nos teus olhos, os abismos da tua alma. Que mundinho miserável. Espantoso.
Espantoso é saber que não somos mais a mesma pessoa. Alías, nunca fomos. Seu mundo foi mágico, hoje é trágico. Personagem incógnita. Outro “eu” que bem sabemos, o mundo não conhece.
Eu herói, você vilão.
Eu descente, você não.
Homem do espelho. Meu ego, “eu” cego. Homem do espelho, seus olhos não mentem pra mim, os meus sim.
Eu que represento, enceno; e ao apagar das luzes [...] .
[...] Surpresa, festa!!!
Celebro a falsidade.

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